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PTCC: Roseana Morais Garcia, viúva do ex-prefeito de Campinas, Toninho do PT, fala sobre o assassinato do marido, em 10 de setembro de 2001.

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Uma reportagem produzida pelo programa Cada Dia, no canal do YouTube da TV PLC, em 2013, voltou à circular nas redes, nesta semana.

A matéria, da jornalista Poliana Rodrigues, traz imagens históricas do político ao lado de lideranças da legenda que chegaria ao topo do poder dois anos depois e lá permaneceria até meados de 2016, quando do início do processo de impeachment de Dilma Rousseff. A narração traz os ‘reais’ motivos do assassinato, corroborados pelas palavras de Roseana.

Para ela, o esposo contrariava de forma veemente as práticas de seus mentores, discordando dos desvios e da corrupção, e ameaçando denunciar a prática se não cessassem imediatamente. A luta não era democrática, era à bala, mas a gente não estava armado, só o outro lado, disse a viúva, inconformada com os rumos das investigações que acabaram não se aprofundando.

conclusão, absurda, da Polícia Civil de São Paulo, entretanto, é que o carro do ex-prefeito, ao sair de um shopping center, teria atrapalhado a passagem de um veículo com bandidos em fuga e, por isso, teria sido alvejado por tiros, levando à fatalidade. Inconformados, ela e a família insistiram no esclarecimento dos fatos. Foi quando perceberam que estavam envolvidos em um crime político: No fundo, se você não faz parte de um esquema, um esquema de crime organizado, você é eliminado”, falou Roseana.

Emocionada, Roseana conta que procurou a ajuda do presidente, ainda no período em que o PT estava no Palácio do Planalto, e falou também com ministros e procuradores, mas que nunca teve resposta. O Lula veio aqui, eu fiz a primeira campanha dele, subi no palanque com ele, eu e a Marina (a filha dela com Toninho). Ele abraçou uma de cada lado e disse, na frente de 25 mil pessoas, – ‘se eu ganhar essa eleição vou colocar a Polícia Federal para apurar o caso, pois esse caso foi político” – … mas depois ele disse que não falou, completou a viúva, indignada.

Vale a pena, além de assistir a reportagem, ler também uma matéria de 2005, quando do depoimento de Roseana à CPI dos Bingos, no senado federal. Os principais trechos seguem abaixo: Para Roseana Garcia, Toninho morreu por ferir interesses de “gente graúda”, incluindo os de figuras importantes na história do PT, como o ex-prefeito do município Jacó Bittar, que saiu do partido em 1990.

Roseana denunciou que o inquérito que apurou a morte de Toninho “foi mal conduzido” e sustentou que tudo leva a crer que Toninho foi assassinado por denunciar superfaturamento de obras e licitações públicas com “cartas marcadas”. Ela citou a licitação para construção do metrô de superfície de Campinas, que jamais entrou em funcionamento, no valor de US$ 80 milhões… -Por que não interessa a ninguém investigar a morte do Toninho do PT, bem como a do ex-prefeito de Santo André, Celso Daniel? – indagou Roseana Garcia, ao estranhar que a Polícia Federal, na época, ou seja, em 2001, não tenha apurado a morte do marido.

Roseana Garcia estranhou que Lula, ao ser eleito presidente da República, não tenha acionado, de imediato, a Polícia Federal para apurar a morte do prefeito de Campinas, conforme havia prometido a ela… A viúva de Toninho do PT disse achar estranho ainda que as autoridades policiais não tenham preservado o local do crime e nem o gabinete do prefeito assassinado para posteriores análises periciais. Um ano depois, veio o assassinato de Celso Daniel e, na sequência, de mais sete testemunhas e pessoas, de alguma forma, envolvidas no caso.

Toninho e Celso não coadunavam com os desmandos e estavam prestes a escancarar fortíssimos esquemas de corrupção locais… Mas foram tirados do caminho e, nos 16 anos seguintes, esse esquema se tornou nacional e internacional, pilhou um país, destruiu e dividiu uma nação, em uma história que todos os brasileiros já conhecem, ainda que os ‘fanáticos’ insistam em negar. Os crimes dos ex-prefeitos prescreveram, conforme prevê a lei, após vinte anos de ocorridos. Mas a delação feita por Marcos Valério – o ex-operador do Mensalão – de 2018, que veio à tona em reportagem da revista Veja, e viraliza, reacendeu o tema junto à opinião pública.

Veja o vídeo:

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