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Covid na Índia gera miséria e fome a milhões de pessoas

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País tem hospitais lotados, baixos índices de vacinação contra a Covid-19 e problemas no acesso a benefícios sociais. Com o desemprego e a queda no rendimento mensal, famílias enfrentam crise alimentar.

A indiana Rasheeda Jaleel, de 40 anos, teme não conseguir alimentar seus sete filhos. Por causa da crise econômica desencadeada pelo agravamento da pandemia, as crianças comem apenas uma vez ao dia.

“Quando temos fome ou sede, me sinto totalmente impotente e angustiada: como vamos sobreviver assim?”, diz. “Nos viramos com o que meu marido consegue ganhar.”

Nas últimas oito semanas, mais de 160 mil pessoas morreram de Covid-19 na Índia. Hospitais estão sobrecarregados, e só cerca de 3% dos 1,3 bilhão de habitantes do país tomaram as duas doses da vacina.

O acesso a programas sociais também é limitado: aproximadamente 100 milhões de indianos não têm o cartão do governo para o auxílio alimentar.

Analistas advertem que isso trará um aumento da desnutrição entre a população mais pobre.

“Existe uma crise sanitária, mas também uma crise de renda”, afirma Anjali Bhardwaj, da organização Right to Food Campaign (Campanha para o Direito à Comida).

“Muitos tiveram de gastar as economias de toda a vida para pagar pelos cuidados de seus familiares”, explica.

Em 2020, quase 230 milhões de indianos passaram a viver com menos de 375 rúpias (5 dólares) por dia, segundo um estudo da Universidade Azim Premji de Bangalore.

“Muitas pessoas caíram na pobreza ano último ano, se endividaram e foram obrigadas a economizar em comida”, explica o professor associado Amit Basole, um dos autores da pesquisa.

Apenas em abril, o país perdeu mais de 7,3 milhões de postos de trabalho, mostra um levantamento do Centro de Acompanhamento da Economia Indiana.

 Indiana carrega sacos de alimentos distribuídos em Amritsar, na Índia — Foto: Narinder Nanu/AFP

Abdul Jaleel, trabalhador da construção civil, foi um dos que perderam o emprego por causa da pandemia. Antes, ele ganhava cerca de 500 rúpias por dia. Atualmente, como condutor de riquexó (meio de transporte de tração humana), sua renda caiu para menos de 100 rúpias.

“Em alguns dias, eu não ganho nada. Como pai, tenho de chegar ao fim do mês de alguma maneira, seja mendigando, pedindo emprestado ou roubando”, afirma.

Durante o primeiro confinamento, em 2020, mais de 100 milhões de pessoas ficaram desempregadas no país. Quase 15% não conseguiram trabalho até o fim do ano, mesmo com o fim das restrições, segundo o estudo da Universidade Azim Premji.

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